Perdas de água


Veja o artigo da engenheira sanitarista Andréia May, da Divisão de Planejamento Operacional da Casan, publicado nos jornais Diário Catarinense e A Notícia em 13 de maio de 2016.

Entre os dias 6 e 8 de junho, Florianópolis sediará o 17º Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (Silubesa). Esse evento, realizado a cada dois anos alternadamente no Brasil e em Portugal, é fruto de uma parceria de sucesso entre a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Apesb) e a Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH), e tem por objetivo debater as principais questões do setor e disseminar o conhecimento de áreas afins em ambos os países.

Na edição de 2016, os trabalhos versarão sobre os seguintes temas: água, efluentes sanitários e industriais, resíduos sólidos, saúde pública, drenagem urbana, águas subterrâneas, águas fluviais, controle da poluição do ar, eficiência energética, entre outros. A redução das perdas de água, um dos assuntos mais latentes no saneamento, será pauta em um dos painéis do simpósio.

Falando em perdas de água, convém dirimirmos algumas dúvidas frequentes do público sobre o tema.

Quando usamos o termo “perdas de água”, a esmagadora maioria das pessoas pensa em enormes quantidades de água escorrendo pelas ruas. Trata-se de uma cena verdadeira, mas apenas parcialmente.

As perdas de água têm duas vertentes: as perdas físicas e as perdas aparentes. No primeiro grupo, enquadra-se a água que, apesar de ter sido tratada, não chega até o consumidor, ou seja, é perdida no caminho entre a estação de tratamento e o ponto de consumo. Os vazamentos são os principais responsáveis por essa descontinuidade no abastecimento.

As perdas aparentes, ou comerciais, referem-se à agua que é consumida, mas que acaba não gerando nenhum tipo de receita para a empresa. As fraudes, os “gatos” e as áreas de baixa renda, onde não há cobrança devido à preocupação social, são alguns dos fatores de relevância nesse componente.

No Brasil, onde as perdas de água giram em torno de 37%, aproximadamente 60% desse valor é originário de perdas físicas e 40% de perdas aparentes. Colocando em números, a cada 100 litros de água tratada, 63 são consumidos e devidamente contabilizados, 22 não são consumidos devido a vazamentos e 15 litros, apesar de consumidos, não trazem retorno financeiro.

Esses valores indicam um dos diversos desafios da engenharia sanitária e ambiental e reforçam ainda mais a importância de eventos como Silubesa, a fim de propiciar os necessários avanços no setor, de forma integrada e planejada. Investir em saneamento é assegurar a qualidade de vida da atual e das futuras gerações.